"Copo Vazio", de Natalia Timerman
“...mas o descontrole é o que sobra de uma ligação quando o outro age como se ela nunca tivesse existido”.
Embora as escritas de Sally Rooney e de Natalia Timerman sejam completamente diferentes entre si, "Copo Vazio", o último trabalho da escritora brasileira, me lembrou demais a obra da irlandesa. Isso por tratar das agruras da geração millenial sem cair na tentação de usar clichês ou falsos julgamentos.
Nasci em 1988. Essa é minha geração e vi minhas dores e pequenas vitórias muito bem retratadas nos livros de ambas.
"Copo Vazio" relata a história de Mirela, que entra numa espiral de desespero quando Pedro, o rapaz com quem saia já há três meses deixa de responder suas mensagens e desaparece de sua vida sem dar explicações.
Eu, e provavelmente você, já estive no lugar de Mirela. E de Pedro também, sejamos sinceros.
Timerman retrata de maneira completamente fiel o erro de projetar em alguém uma relação amorosa e futuro afetivos que não existem. E o desespero quando a realidade bate a porta. Mirela não quer acreditar e se agarra até ao último fio de esperança, somente para se ver devastada de novo e de novo.
“Talvez suspeite que olhar de fora imprima à vida alheia uma película de completude; a ilusão de que, no outro, cada sentimento tenha sempre o tamanho certo”.
"Copo Vazio" é o relato mais fiel que já li da sensação de frio na barriga que dá a espera de uma mensagem ou ligação, que nem sempre vem, de alguém por quem se é apaixonado.
Um bônus para quem é de São Paulo: ela fala sobre as ruas, os bares e outros locais icônicos do Centro e você se sente caminhando por cada um deles; uma sensação deliciosa e que cai muito bem em uma época em que passamos a maior parte do tempo dentro de casa.
(Resenha escrita durante a quarentena, em julho de 2021)