"Guerra e Paz", de Liev Tolstoi
"Ela olhou para trás. Por alguns segundos, fitaram-se em silêncio nos olhos um do outro, e o que era distante, impossível, de súbito tornou-se próximo, possível e inevitável"
Essa resenha vai ser um pouco diferente. Desta vez não irei falar sobre o enredo de “Guerra e Paz“, de Liev Tolstoi, até porque com cerca de 1.600 páginas, tem muita coisa para ser falada. Irei apenas comentar a experiência de ter passado quase um ano inteiro lendo esse monstro da literatura mundial.
Sim, eu gosto de reclamar de Tolstoi. Mais por minha natureza de pessoa reclamona do que pela qualidade do texto dele, obviamente. Afinal, quem sou eu para falar qualquer coisa sobre o grande mestre russo, não é mesmo?
Acontece que eu me irrito profundamente com narrativas contemplativas, ainda mais quando ficam divagando por páginas e mais páginas sobre a natureza do comportamento humano. Mas isso é algo extremamente pessoal. Quase todo mundo que lê Tolstoi considera essa uma de suas melhores características.
Mas mesmo reclamando e me arrastando pelas páginas de "Guerra e Paz", por vezes me deparo com trechos magníficos, como esse destacado na foto acima. E nessas horas sinto que tudo vale a pena.
Alguns trechos do livro literalmente me deixam de boca aberta de admiração e espanto. E é nessas horas que concordo quando dizem que é dos melhores livros já escritos na história da humanidade.
Dizem que na Rússia as pessoas comentam sobre os personagens de Tolstoi e Dostoiévski como se fossem conhecidos de carne e osso que já passaram por suas vidas. E hoje eu entendo esse sentimento.
Tolstoi nos leva tão fundo nas entranhas de seus personagens, de seus pensamentos e de suas ações, que é quase impossível não guardar eles na lembrança como pessoas reais com as quais convivemos no passado.
E está aí o barato de "Guerra e Paz", o livro nos leva por uma jornada tão imensa, tanto de extensão quanto de profundidade emocional, que é impossível não sair diferente do outro lado - apesar da minha mente que funciona na velocidade das redes sociais sofrer com seu ritmo de inverno russo.