Literalmente... três boys lixo da literatura (com participação especial da Isa Sinay)
Inaugurando um formato novo na newsletter com uma participação super especial
Eu amo escrever resenhas, acontece que o mundo literário é muito mais do que isso e já faz um tempo que venho pensando em como ampliar esse espaço de discussão nessa newsletter.
Por isso decidi importar algo que já tenho feito lá no Instagram, que é desdobrar um assunto em três indicações de leitura. (Você pode conferir a ideia geral aqui).
Estou super empolgada com esse novo formato e honradíssima que esse post de estreia conta com texto da Isadora Sinay, escritora, doutora em literatura judaica e dona de uma das newsletters mais bacanas dessa região do mundo.
Um abraço,
Sarah
Eu acredito que existem dois tipos de leitores: os que querem gostar dos personagens e os que, como eu, recomendam um livro dizendo “todo mundo é horrível, adorei!”. Eu não quero ser amiga de ninguém nos meus livros, eu quero sentir vontade de bater (com amor?) a cabeça da minha protagonista na parede e nada, nada, me dá mais prazer do que ler sobre um boy bem lixo. Pode ser porque é exatamente o tipo de homem por quem eu caio na vida, mas aí eu estou num lugar seguro? Pode ser, mas eu amo mesmo assim. Então vamos falar de uns três boy lixos maravilhosos da literatura:
Heathcliff, de “O Morro dos Ventos Uivantes", Emily Brontë
Gente, não fica melhor que isso. O homem alto, moreno, que te olha intensamente e é COMPLETAMENTE perturbado da cabeça. Eu sei, eu sei, o preconceito de classe, o racismo insinuado, a vida acabou com o coitado, mas ainda assim: não satisfeito com um relacionamento doentio o homem quer estabelecer um segundo com a filha da mulher por quem ele foi rejeitado. E por outro lado, eu cairia facinho por um Heathcliff olhando romanticamente para as charnecas da Inglaterra enquanto pensa em mim.
Nick Carraway, de “O Grande Gatsby", F. Scott Fitzgerald
Veja bem, eu não quero livrar a barra do Gatsby, o Gatsby é sua própria questão. Mas o Nick passa desapercebido e eu quero trazer nossa atenção para esse cara que fica ali, se achando melhor que todo mundo, inclusive a moça com quem ele está saindo. Claro que é fácil se sentir superior ao Tom Buchannan, nosso querido heterotop dos anos 20, mas o Nick sentado ali na festinha, no apartamento do cara, bebendo a champanhe do cara e se achando o próprio intelectual Bolchevique é difícil.
Ivan, de “A Idiota", Elif Batuman
Quis incluir um boy lixo contemporâneo para provar que o tempo passa, os homens continuam horríveis, mas diferente dos anteriores, esse aqui é só o boy lixo sem charme, o boy lixo que não sabe se comunicar, mas você decide que em vez de incapaz ele é misterioso e vai parar em uma cidadezinha do interior da Hungria por causa dele. Ele tem uma namorada, mas quem sabe o que está acontecendo ali? Talvez ele esteja flertando com você, talvez ele seja só assim mesmo. Mas vocês estão matriculados na mesma aula de Russo, então são almas gêmeas.
Se você, como eu, curtiu esse conteúdo, não se esqueça de se inscrever no ciclo de leituras “Lendo Masculinidades“, onde a Isa vai destrinchar o universo de outros chernoboys da literatura. Eu já me inscrevi e estou empolgadíssima para o primeiro encontro, quando será debatida a obra do bad boy dos livros por excelência, Ernest Hemingway
Que deliciaaaa de edição! Amei. É bom demais odiar o Heathcliff em grupo
Eu ODEIO o Heathcliff, acho que foi o personagem que mais senti raiva na literatura! E sobre o Ivan de A idiota... Quem nunca passou por um desses, né?
Adorei a news <3