"Uma Vida Pequena", de Hanya Yanagihara
"Às vezes parecia que tinha medo de tudo, e isso era algo que odiava em si mesmo. Medo e ódio: muitas vezes aquelas pareciam ser as únicas características suas. Medo de todo mundo; ódio de si mesmo"
Fazia tempo que eu não me apegava tanto a personagens fictícios. Fazia mais tempo ainda que não terminava um livro chorando. Foi uma leitura muito dolorida, da qual não me arrependo nenhum pouco. É um dos melhores livros que já li - apesar de precisar de uma BOA editada.
A história de “Uma Vida Pequena“, de Hanya Yanagihara, até parece simples. Aos vinte e poucos anos os amigos de faculdade JB, Malcolm, Willen e Jude se mudam para Nova York, onde querem começar uma nova vida.
JB é um artista plástico que trabalha como recepcionista na redação de uma revista de artes na qual sonha aparecer. Malcolm é um arquiteto confuso que ainda mora com os pais ricos. Willen é o filho de rancheiros imigrantes que trabalha como garçom enquanto não desponta como ator. Jude, formado em advocacia, é o menos ambicioso deles. Órfão, ele quer apenas sobreviver na cidade grande.
"Uma Pequena Vida" parece, num primeiro momento, um romance de formação sobre quatro amigos de faculdade, mas, aos poucos vai se centrando cada vez mais na figura de Jude.
Ele tem uma passado cheio de mistérios que o impede de realmente se abrir para os amigos, ou para qualquer pessoa em sua vida, na verdade.
Eu paro a descrição sobre o enredo do livro por aqui. Qualquer coisa que eu fale a partir de agora pode estragar alguma surpresa - e acredite em mim, em suas mais de 700 páginas você irá passar por muitas delas.
Posso dizer que sentirei falta dos personagens, que em sua maioria não são perfeitos, mas que são descritos com tamanha maestria que você se vê envolvido até mesmo nas histórias do mais insignificantes dos coadjuvantes.
Posso dizer também que devorei em menos de duas semanas esse livro, apesar de ser um calhamaço de mais de 700 páginas. E apesar também de ser uma narrativa que não te poupa de detalhes ao discorrer, de forma às vezes bastante gráfica, sobre assuntos que não estamos acostumados a abordar, como abuso sexual, distúrbios mentais e alimentares, solidão, morte, etc.
Alguém comentou e eu achei engraçado e um pouco verdadeiro: ao invés de um clube de leitura para debater o livro, as pessoas que leem "Uma Pequena Vida" precisam de um grupo de apoio.
Acredito, no entanto, que o leitor poderia ser poupado do excesso de tragédias e que o livro se beneficiaria imensamente de uma boa editada. Algumas situações, de tão inverossímeis, levantam questionamentos e nos trazem de volta à realidade.
Hanya, no entanto, explicou que “Uma Vida Pequena“ é uma espécie de “conto de fadas”. Sua preocupação não é criar um enredo realista, mas sim um reino de fantasia situado nos dias de hoje.
Mas de novo paro por aqui. Concluo essa resenha em três palavras: se puder, leia.
Fiquei com vontade de ler e já adicionei na listinha hehe
Com um pouco de receio (risos nervosos), mas coloquei na lista.