"Persuasão Feminina", de Meg Wolitzer

“Greer entendeu que era difícil fugir de si mesma e de escapar da forma como se sente sendo quem se é”

“Persuasão Feminina”, da escritora norte-americana Meg Wolitzer, é um livro onde não acontece nada e ao mesmo tempo acontece absolutamente tudo. Explico, de uma forma um pouco parecida a “Esboço”, de Rachel Cusk, enquanto o enredo principal move a passos lentos, são narradas em paralelo, e de forma profunda, as histórias dos personagens principais do livro.

É encantador, pois aos poucos a autora nos revela os motivos que tornaram seus personagens as pessoas que são e os fizeram tomar os caminhos que tomaram.

A escrita de de Wolitzer é quase poética, sem ser afetada, e em momento nenhum se torna uma leitura arrastada - ao contrário da minha experiência com Cusk.

Tudo começa quando a caloura Greer Kadetsky é apalpada sem consentimento numa festa de fraternidade. Ao não ter sua denúncia de abuso levada a sério pela administração da faculdade, ela e amiga Zee se veem cada vez mais envolvidas com ativismo.

O rumo de suas vidas muda quando participam de uma palestra do ícone feminista Faith Frank - uma mistura de Glória Steinem e Betty Friedan. (Aliás, os fãs da série “Mrs. America” irão amar o livro)

Outro ponto alto são as diferenças que vem à tona nas discussões entre as diferentes gerações de feministas. E a frustração unânime entre elas por um mundo que muda num passo muito mais lento do que gostaríamos.

Apreciei cada página desse livro, que deve ser minha leitura favorita do ano, já tendo ganhado 5 estrelas no Goodreads. Ele acompanha um período de vários anos e grandes mudanças na vida dos protagonistas e em certas parte me lembrou “A Idiota”, de Elif Batuman, em outras as obras de Donna Tartt e até um pouco, mas bem levemente, “Uma Vida Pequena”, o sucesso do TikTok escrito por Hanya Yanagihara.

Enfim, obrigada Meg Wolitzer por escrever exatamente o tipo de livro que eu gosto de ler. Editoras, por favor, tragam mais livros dela para cá.

A obra foi editada no Brasil pela Rocco e conta com tradução de Simone Campos.

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