“The Shards”, de Bret Easton Ellis
"Eu sempre trouxe minhas próprias tensões para qualquer lugar que fosse"
Que delícia que é ler Bret Easton Ellis. Devorei esse novelão de mais de 600 páginas em poucos dias. Simplesmente era impossível largar “The Shards”, o retorno do escritor de “Psicopata Americano” após um hiato de mais de uma década.
Na Los Angeles do início dos anos 1980, o protagonista Bret - que é vagamente baseado no próprio autor -, é um jovem extremamente rico que cursa o último ano do colegial numa das escolas mais exclusivas da cidade.
Mas sua vida não é tão glamurosa quanto parece. Ele é filho de pais relapsos e precisa esconder sua verdadeira sexualidade. Ele teme não ser aceito no grupo de garotos populares que pertence caso se assuma gay.
Ao som de “Vídeo Killed The Radio Star”, frequentando o “Whisky a Go Go” e lendo Joan Didion, ele enfrenta esse que considera seu último ano no armário antes de mudar para a costa leste onde pretende frequentar uma faculdade liberal.
Mas tudo muda quando um serial killer que assola a cidade começa a se aproximar cada vez mais de seu círculo de amigos. Além disso, um novo garoto é transferido para sua classe, bagunçando seu frágil equilíbrio.
É o clássico “pobre menino rico”, mas regado a drogas, divagações existenciais, temática queer, LA nos anos 80 e uma pitada de filme de terror slasher. (Você pode ter uma ideia da aura da publicação no book trailer acima).
Um escritor menos habilidoso teria se embananado nessa mistura, e o livro de fato se torna um pouco repetitivo e arrastado no quarto final, mas nas mãos de Ellis é um leitura impossível de largar, daquelas de varar a noite para saber o que acontece no próximo capítulo.
E se “The Shards” é um entretenimento 10/10, já estou morrendo de vontade de ver a adaptação para a telinhas, que dizem os rumores será conduzida por Luca Guadagnino com Jacob Elordi liderando o elenco.
A adaptação, que será uma série para a HBO, não poderia cair em melhores mãos. Vejo facilmente o diretor italiano trazendo a paixão adolescente e desesperada de “Me Chame pelo seu Nome”, assim como a fotografia de “Até os Ossos”, para retratar a solidão em tons terrosos de Los Angeles.
Ainda não sei de data de lançamento no Brasil, mas o livro pode ser encontrado em seu original em inglês ou em português de Portugal como “Estilhaços”.
Sarah, que habilidade tu tem de me convencer a ler alguma obra específica! Já estou procurando o audiolivro de The Shards por aqui :)